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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Mercantilização e Industria Cultural

Com o crescimento da indústria cultural, a arte e a cultura vêm passando por um processo de padronização, tornando-se, assim como todas as outras coisas, um produto. Assim, como todos os outros Gêneros o samba que está hoje na grande mídia é o protótipo do produto industrializado. Então, ele obedece a um formato que é ditado nas reuniões de marketing das gravadoras ou até mesmo pelos patrocinadores nas escolas de samba. “Pagode” é um termo que está presente na linguagem musical brasileira desde, pelo menos, o século XIX.

Nos anos 80 tomou corpo, no Rio de Janeiro, uma forma moderna e inovadora de fazer samba que ganhou o nome de “pagode”. Na década seguinte, a indústria do lazer usurpou esse termo, batizando com ele uma forma absolutamente diluída e pasteurizada que guarda poucos elementos do samba inovador dos anos 80. Os fatores históricos, então, que propiciaram o surgimento e o boom do que hoje se chama de “pagode” foram fatores puramente mercadológicos: “a indústria do disco resolveu vender um samba que não fosse negro nem branco; que explorasse a sensualidade; que não fizesse pensar; e aí injetou muitos milhões no marketing desse tipo de produto”, como coloca um dos grandes sambistas e pesquisador do samba, Nei Lopes.

O exemplo mais triste disso aconteceu esse ano. Angenor de Oliveira, o Cartola, grande nome do samba, completaria 100 em 2008. A Estação Primeira de Mangueira, escola que ele ajudou a fundar, infelizmente, no ano de seu centenário, optou por não homenageá-lo. Simplesmente, Cartola passou em branco. Isso é apenas mais um reflexo da mercantilização do samba, que neste caso, a Escola preferiu tratar de temas que fossem dar mais repercussão, mais lucro, a prestar uma homenagem a alguém tão importante quanto Cartola.

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