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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Bar do Alemão, parada obrigatória.




Desde que a batucada desceu o morro, os botecos e botequins são paradas obrigatórias para cantar, compor e discutir música e cultura de um modo geral. Como falou Antônio Candido, a música popular brasileira tornou-se o “pão nosso cotidiano da cultura nacional”. O samba foi o recheio e muitas vezes inspiração de quase todos os movimentos culturais da nossa terra carnavalesca e o Bar do Alemão, reduto desses encontros e palco de muitas parcerias e novas composições.

Se no Rio de Janeiro o ponto de encontro do samba era o bairro de São Cristóvão, em São Paulo todos se encontravam invariavelmente no Bar do Alemão. Localizado na Avenida Antártica, na Barra Funda, o bar é uma casa pequena, porém aconchegante e com muita história pra contar. Fundado em 1968, o local tem sido ao longo de todo esse tempo parada obrigatória para jornalistas, músicos e artistas. No início, o dono era Murilo, que depois das oito, fechava o bar para estranhos e só os fregueses entravam. O Dagô do Pandeiro, segundo proprietário, apesar de ser muito preocupado com o faturamento, não abandonou a música e trouxe Nelson Cavaquinho para a casa. O Bar do Alemão sempre reuniu a nata do samba carioca – Cartola, Clara Nunes, Toquinho, Vinícius, Paulinho da Viola, Paulo César Pinheiro (esse praticamente “nasceu” ali) – com a mais jovem geração dos compositores paulistas.

Há 15 anos, o bar tem dois sócios: Flávio Chaves e Eduardo Gudin, que além de dono também é sambista. Ambos freqüentavam o bar desde o início e resolveram tomar a dianteira do negócio em 1995, quando o dono anterior havia falecido. “Antigamente, o cara vinha tocar a noite inteira com o maior prazer e ganhava um guaraná. A coisa era mais pura. Hoje, contratamos o pessoal para tocar e pagamos os músicos”, revela Flávio a respeito das maiores diferenças entre as duas épocas. Como os tempos mudaram, basta escolher qualquer dia da semana para apreciar a boa música – cada dia é um estilo diferente – e pagar o “couvert artístico”.

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