Pages

terça-feira, 22 de junho de 2010

O novo álbum do Radiohead



A banda Radiohead


Vez ou outra leio algo do tipo "o próximo CD da banda ou do cantor(a) X será completamente diferente de tudo o que já foi feito até agora" ... "O novo CD da banda Y é o melhor até agora". Frases comuns nas matérias do gênero.

E é exatamente isso que diz a nota divulgada ontem nas páginas da UOL, do G1, R7 e outros. Dessa vez o X é o grande Radiohead.

Pelo que parece, até o fim do ano teremos lançamento na praça.

Para nós, bons fãs, basta que o novo álbum seja tão bom quanto os trabalhos anteriores. Esperamos ansiosos. E bem que Ed O'Brien, guitarrista da banda, podia ter soltado algo sobre shows pela América do Sul. Mas uma coisa de cada vez, tudo bem.
Segue a matéria para quem não leu.




Novo disco deve ficar pronto em semanas, diz guitarrista do Radiohead'

"Idealmente, seria ótimo que [o álbum] saísse em algum momento neste ano.''Eu sinto como se este fosse o melhor álbum que já fizemos", afirmou O'Brien.

Do G1 RJ

Novo disco da banda inglesa Radiohead pode sair ainda neste ano. O guitarrista Ed O'Brien disse em entrevista à rádio BBC que a banda está no estúdio, no meio das gravações e que o trabalho deve ficar pronto em uma questão de semanas.“Idealmente, seria ótimo que saísse em algum momento neste ano. Estamos trabalhando para isso, e eu espero que isso aconteça”, disse O’Brien, que se disse “empolgado” com o oitavo álbum do grupo e o sucessor do aclamado “In rainbows”: “Eu sinto como se este fosse o melhor álbum que já fizemos. É genuinamente empolgante. É diferente de tudo o que fizemos da última vez.”

O trabalho no novo disco começou em maio de 2009, com o produtor Nigel Godrich, que já trabalhou em vários outros projetos com a banda. Em agosto, a banda lançou a primeira música das sessões: “Harry Patch (In memory of)”, um tributo ao último soldado britânico sobrevivente da Primeira Guerra Mundial.

sábado, 19 de junho de 2010

A moda de Gaga


Lady Gaga de calças? É o que parece. Na pequena amostra de seu novo clipe, da música Alejandro, a cantora aparece com pantalona de alfaiataria e colete, no melhor estilo masculino à la Madonna, lá nos idos de Vogue.

A roupa de Gaga não seria notícia caso a cantora não tivesse sido responsável por mudar o "vestir para o palco". Bastante ousada, ela estabeleceu uma moda peculiar, que poderia ser chamada de tecno-sexy, por conta dos maiôs e decotes + materiais e adereços tecnológicos. Depois dela, Rihanna, Beyoncé e até a ex-pudica Miley Cyrus começaram a se apresentar com peças que lembram lingerie, com direito a muita perna de fora, além de adotarem enfeites modernosos para se diferenciar - mesmo - do que quer que pareça comum.

Nada melhor do que negar a moda vigente para inventar uma nova moda. E foi o que fez Nicola Formichetti, o famoso stylist por trás do estilo não tão mais único de Gaga. Em recente entrevista para o site de moda Showstudio.com, ela explicou sua ligação com o guarda-roupa. "Preciso da moda para a minha música, e de música para a minha moda. É empolgante porque toda a roupa avant-garde, o estilo musical e as letras que eram consideradas chocantes ou inaceitáveis agora são tendência." Então, calça é o novo maiô?

Coração aos pedaços

As ruínas rascantes da voz de Tom Waits nos levam aos recantos mais escondidos da psique americana

Por Simon Schama - Revista Piauí - fevereiro de 2007

Vou em frente. Chega de perder tempo com gente como Prokofiev ou Trollope. Os artistas com quem passo meu tempo são os que expandiram os limites da sua arte com coragem e inventividade, que transformaram a sua obra em algo imprevisto. Tão imprevisto que, encantado de espanto, você só consegue coçar a cabeça e dizer: "Bom, é, claro", como se aquilo que inventam fosse a coisa mais natural do mundo. É por isso que gosto do que Thomas Carlyle fez com a literatura histórica, do que Jackson Pollock fez com a pintura, do que Wallace Stevens fez com a poesia. Não é absurdo incluir na companhia deles Tom Waits, o mais eloqüente dos poetas-compositores americanos. Chega de Bob Dylan. Não que as coisas de Dylan sejam ruins. Mas sobre ele já se escreveram milhares de páginas de um pomposo lero-lero analítico (que só fica aquém do suscitado por Freud) enquanto quase ninguém começou a reconhecer o valor de Tom Waits.

E por que haveriam de dar-lhe atenção? Porque ele transformou a música americana na canção de homens e mulheres comuns, surpreendidos naquele beco turvo e malcheiroso que fica entre a retórica pueril do "sonho americano" e a impiedosa realidade da vida contemporânea. Por acaso você se interessa pelo depoimento - de sinceridade desesperada, desalentada e pungente - sobre as provações de um americano comum, preso a uma guerra que ele não entende, mas da qual não tem como escapar com dignidade? Escute então "The Day After Tomorrow". Nela, Tom Waits rosna e ruge a letra com as ruínas rascantes de uma voz que lembra um prédio reduzido a escombros, coberto de areia contaminada.

Essa voz, órgão de um homem muito maior do que essa figura leve de clown delicado (um dos seus CDs traz seu rosto pintado de pierrô - ele é um artista que sabe exatamente o que faz), é um dos maiores instrumentos sonoros da arte americana. Outros compositores competentes - Dylan, o canadense Leonard Cohen - também extraíram ênfase dramática das suas laringes danificadas, adequadas ao gume cortante das suas letras. Na direção oposta, o vagido em falsete de Neil Young ficou mais e mais doloroso à medida que adquiria uma urgência desesperada. Mas nenhum deles cogitou em transformar sua voz num retrato sonoro de um país, de maneira tão inteligente - e bem-sucedida - como Waits. Ele é o Kurt Weill da América imperial (e, por algum tempo, estudou Weill com empenho um tanto excessivo), imitando a fúria percussiva e discordante das canções mais abrasivas de Weill.

A comparação não faz justiça à originalidade de Waits. Existe algo de shakespeariano na vastidão da sua abordagem da vida americana moderna, na sua espantosa capacidade de penetrar nas cabeças e nos pulmões de, entre outros, bêbados de bar, putas, viciados, locutores de circo, veteranos de guerra com braços e pernas salpicados de fragmentos de metal e reduzidos a vender suas medalhas na calçada, pregadores pentecostais trovejando sobre o fim do mundo, ex-craques arruinados do beisebol devastados pela bebida, malucos de pavio curto, otimistas melancólicos quase perdidos de tão mareados nos seus martinis; e, num caso improvável, um morto que, sete palmos debaixo da terra, canta em voz suave, pedindo à sua amada que venha se sentar na relva da sua tumba. Só Tom Waits seria capaz de produzir uma canção inteira a partir de uma série de infomerciais ("Step Right Up") e, de alguma forma, transformar a lista num documentário exaustivo e engraçado da credulidade e da esperteza americanas: "The large print giveth / And the small print taketh away" ("As letras graúdas dão / E as letras miúdas tomam").

Este é apenas um apanhado, muito breve, das suas muitas encarnações. Quando se mergulha no mundo de Waits, não se embarca numa viagem de sonhos à terra da melodia alegre e do acalanto musical. Você vai parar numa lanchonete de talheres engordurados, na hora em que a aurora grisalha vem raiando sobre o lixo espalhado no pátio de estacionamento. Numa introdução a "Eggs and Sausage", numa apresentação ao vivo de 1975, Tom Waits nos previne contra costeletas de vitela "perigosas, que descem do balcão para quebrar a cara do café, fraco demais para se defender".

Embora seja vinagre nas feridas abertas do sentimentalismo otimista americano mais piegas, também existe paixão e ternura fervilhando nas suas canções. "Ol' 55", uma das primeiras canções do seu disco de estréia, Closing Time, é uma ode à alegria de emergir às 6 da manhã de uma noite de amor ("My time went so quickly / I went lickety-splitly out to my Ol' 55 / and I pulled away slowly, feeling so holy / God knows I was feeling alive" - "Meu tempo passou tão depressa / e saí satisfeito e saltitante para o meu velho Oldsmobile 55 / e fui embora dali devagar, me sentindo tão sagrado / Deus sabe o quanto eu me sentia vivo"). Eis a mais linda canção de amor desde que Gershwin e Cole Porter fecharam a tampa dos seus pianos.

Geralmente, porém, as letras de amor de Tom Waits ardem de um salgado desencanto, o que as torna ainda mais tocantes. "Never Talk to Strangers" é um dueto de banco de bar com Bette Midler, em que a rotina previsível do desajustado ("I'm not a bad guy when you get to know me" - "Não sou um mau sujeito quando você me conhece melhor") é antecipadamente esvaziada porque ela adivinha exatamente cada fala que ele vai dizer, ao mesmo tempo em que os dois ainda assim acreditam novamente em tudo.

Conheci tarde esse trovador da decadência. Um diretor da BBC, ao adaptar meu livro Paisagem e Memória para a televisão, usou a interpretação de Waits para "Sea of Love", de Phil Phillips, como fundo para imagens de arquivo das enchentes de Veneza. Em lugar de uma voz edulcorada, ouvia-se um rugido feroz, que virava pelo avesso o tom da canção. (Ele tem uma recriação ainda mais espantosa de "Somewhere", de West Side Story, que faz qualquer um sentir na medula dos ossos a total desesperança da dor adolescente.) Eu nunca tinha escutado nada parecido. Quem era aquele sujeito, perguntei ao diretor. Desde então me viciei em Tom Waits. Como se pode deixar de acompanhar um escritor que produz um verso como "her hair spilled like root beer" ("seus cabelos se derramavam como root beer"), e te faz entender exatamente o que ele queria dizer?

A waitsomania não é um vício confortável. O percurso de Tom Waits desde os anos 70, quando era mais um compositor do Meio-Oeste a dedilhar seu violão, adaptando o country and blues à sua voz áspera, tem sido uma viagem a recantos cada vez mais profundos e sombrios da psique americana. Enquanto Dylan estendia a sua dama deitada (Lay Lady Lay), Waits cultivava a crueza brega, cantando, em tom muito educado, "I'm Your Late Night Evening Prostitute" ("Sou a sua prostituta da noite no meio da madrugada"). E de lá, muito previsivelmente, afundou no lodaçal costumeiro do álcool e das drogas, de onde acabou emergindo com a ajuda de sua parceira nas canções e co-produtora Kathleen Brennan, responsável por alguns dos produtos mais brilhantes da crueza de Waits.

Ninguém se compara a ele na evocação de todo tipo de música, do realejo mecânico dos carrosséis ao saxofone em surdina dos cabarés de Berlim, do bel canto italiano e, ultimamente, dos sons africanos e latinos. Às vezes, ele é capaz de levar sua recusa furiosa da autocomplacência à beira da paródia de si próprio, a um ponto em que gritos primais, grunhidos e berros, acompanhados pelo clangor de tampas de panela e da percussão nos objetos mais variados, acabam desabando num fosso profundo de cólera vocal. Ouvir essas canções é como mascar arame farpado. Mas, ainda assim, em meio a toda essa carnificina vocal, surge em algum ponto a inocência maculada de alguém que ainda imagina que possa haver uma vida boa, afinal de contas, logo além da esquina. O jovem soldado, que escreve para casa em Illinois, curvado ao peso de um conhecimento precoce adquirido à custa de sangue, canta:

I'm not fighting
For freedom
I'm fighting for my life
And another day
In the world here
I just do what I'm told
You're just the gravel on the road
And the ones that are lucky
Come home
On the day after tomorrow ...

(Não estou lutando
Pela liberdade
Estou lutando pela minha vida
E mais um dia
No mundo daqui
Só faço o que me dizem
Vocês são só o cascalho da estrada
E os que têm sorte
Voltam para casa
Depois de amanhã...

Texto original: http://www.guardian.co.uk/books/2006/dec/09/popandrock




sexta-feira, 18 de junho de 2010

Woodstock na Brasil?

Nos dias 09, 10 e 11 de outubro acontecerá em Itu, cidade do interior de São Paulo, o SWU, Starts With You – Music & Arts Festival, que foi apresentado na coletiva por Michael Lang, um dos criadores do famoso festival de 1969. As declarações do famoso produtor fez com que os boatos da versão Woodstock nacional ganhassem ainda mais força. "O SWU tem o mesmo espírito dos anos 60: o da mudança, o de nos unirmos para mudar o mundo", afirmou Lang.

Pixies, Incubus, Dave Matthews Band e Linkin Park já têm presença confirmada no evento, que terá apresentações de mais de 60 artistas. A expectativa é de 70 mil pessoas por dia na Fazenda Maeda, onde serão montados quatro palcos sendo um deles, tenda de música eletrônica. Os 140 mil m² da propriedade terá área de camping para 8 mil barracas e estacionamento para 30 mil carros.

Além do apoio moral de Lang, o festival terá a produção executiva de David Saltz, responsável pelos shows do Superbowl e da abertura da Copa do Mundo na África do Sul, além de uma mostra artística coordenada pelo brasileiro Eduardo Srur.

Why, I’m fire

E, vejam só, ainda não falei de música.

Por certo, é melhor assim. Falar muito estraga. Longe de mim estragar o que nos resta. O breve a seguir estará beirando o insuportável (espero não ultrapassar o tênue limite da inconveniência).

A música: Joan of Arc

O autor: Leonard Cohen.

O disco: Songs of Love and Hate

A música retrata o famoso episódio da morte de Joan d’Arc, uma das maiores heroínas francesas. Todos conhecem o ocorrido. Joan d’Arc liderou o primeiro exército nacionalista francês na Guerra dos Cem Anos, obteve poucas, mas relevantes, vitórias e contribuiu de forma decisiva para a idéia formada de pátria francesa. Mais tarde, capturada pelo inimigo, julgada como herege, queimada na fogueira. Morte de mártir.

Leonard Cohen transformou tal personagem enigmática em música, incluída num disco que percorre as duas extremidades dos sentimentos humanos: amor e ódio. A canção – não é necessário constatar em qual dos lados se encaixa – evidencia o momento do sacrifício a partir de uma narrativa surpreendente (pois gênio é quem me surpreende). A jovem Joan d’Arc, apenas dezenove anos, cansada de batalhas, despe-se de sua armadura, veste um vestido branco e torna-se noiva. O fogo, o noivo, agente do sacrilégio, esfria suas chamas, abandona o sacrifício e inicia o casamento.

Aos convidados, a lembrança da noiva Joan d’Arc permaneceu. Seus gemidos de dor ainda ecoam, as feições sofríveis martelam, oponham-se ao olhar firme de glória e às cinzas de seu vestido. Um dos presentes evoca seu delírio: “Eu anseio por amor e luz, mas, meu D´us, por que tão cruel, por que tanto brilho?”.

Quanto a nós, bem, a nós a música.



quinta-feira, 17 de junho de 2010

A lady Beyónce

Temos que admitir que se trata de todo um conjunto: ela canta bem, dança pra caramba, é bonita e sempre faz a gente dançar nas noites.

Depois de sua vinda ao Brasil e da grandiosa turnê ao país, Beyoncé não para com as coreografias sensuais, tudo, claro, com ajuda do coeógrafo Jonte Moaning, que todos desejam imitar. Não basta ter pernas compridas e durinhas, nem bumbum avantajado e redondinho. Dançar como ela nem com anos de ballet, jazz e sapateado.


Buscando novas vertentes de público e de conteúdo musical, Beyoncé s uniu à Lady Gaga, que já foi considerada hermafrodita, já foi vista bêbada, já agrediu paparazzis... Enfim, é uma cantora bem polêmica, no entanto querida. Está nas primeiras posições de todas as programações das rádios, e ainda para completar, mostrou o quanto dança e arrasa tanto quanto Beyónce. E não é que deu certo?! Agora é esperar para ver os novos sucessos que acompanharão Telephone e Videophone.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Projetos e compositores


O principal objetivo das novas rodas de samba de São Paulo, chamadas de projetos culturais, é retomar e renovar o samba de raiz. São vários projetos, na capital, que surgem há mais de dez anos; eles crescem e revelam, a cada encontro, novos compositores. Um deles é “A Comunidade Samba da Vela”, que, inicialmente, era formada por quatro jovens compositores e hoje reúne cerca de 200 pessoas toda segunda-feira na Casa de Cultura Santo Amaro, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Os encontros acontecem desde 2000, com cavaquinho, pandeiro, surdo, tamborim, e o caderno distribuído para quem vai prestigiar. Acende-se a vela e o samba começa, é um espaço para apresentar novas criações. E para fazer jus ao enorme cartaz pregado na parede que diz “Aqui o silêncio é uma prece”, os admiradores do samba escutam e cantam com grande concentração à apresentação das novas músicas.

De acordo com José Marilton da Cruz, 49, integrante e um dos fundadores do Samba da Vela, mais conhecido como Chapinha, cerca de 300 compositores já mostraram seu trabalho na roda. E Chapinha acrescenta: “O samba de raiz andou por um tempo muito esquecido. E ai veio o samba da vela para dar continuidade nesse samba que estava muito popular, com muito modismo. E a escola de Samba já não é mais espaço para compositor faz tempo”. Da mesma forma que o Samba da Vela, o Samba de Todos os Tempos acontece em Santo Amaro, mas reúne compositores, músicos e admiradores de toda a cidade, do Capão Redondo, Mogi, Itaim Paulista, Jardim Ângela. Marquinho Dikuã, 33, integrante e um dos idealizadores do projeto Samba de Todos os Tempos, que mora na zona leste da capital acha que hoje o compositor encontra mais espaço nos projetos do que nas escolas.

O compositor Felipe Doro, 43, é integrante do Samba da Vela e do Samba de Todos os Tempos. O representante de vendas de torneiras Duratex conta que escreve sambas há vinte anos. Felipe já mandou enredos para a Escolas de Samba X-9 Paulistana, mas nunca conseguiu levar um trabalho para Avenida.

A maior parte dos compositores dos projetos do samba paulistano já compôs em Escola de Samba, mas hoje escreve apenas para as rodas que privilegiam o samba tradicional. Um ponto comum entre estes poetas é que tentam integrar os projetos. E o sambista Chapinha é um exemplo: “A nossa relação com as outras comunidades é a melhor possível. Eu, por exemplo, sou padrinho do Samba da Laje, do Cafofo e do projeto da Vai-Vai. Estou sempre nas comunidades incentivando, é disso que eu gosto, não tem jeito”. Durante as rodas de samba, tocam músicas do outros projetos.

Paquera, um dos fundadores do Samba da Vela e também fundador do Mutirão do Samba – o primeiro dos projetos na cidade de São Paulo –, já fez parte da Escola Vai-Vai e se afastou quando percebeu que as escolas já não cumpriam o mesmo papel que antigamente. “Quando a televisão passou a influenciar nas escolas, tudo se perdeu. A Rainha da Bateria, por exemplo, que era uma mulher da comunidade, que era admirada pela comunidade, hoje passou a ser uma mulher da mídia, que dá audiência para televisão e que gringo gosta de ver. Isso que virou o carnaval na escola de samba, um mercado como todos os outros”. Além disso, quando questionado se havia espaço para novos compositores dentro das escolas, Paquera respondeu “Se existe eu não sei, o que eu sei é que existe uma imensa fábrica de samba enredo. Mas pela minha experiência o que existe é uma fábrica que os diretores previamente já apontam para o compositor como tem que ser o samba e o que tem que fazer, o que significa que o compositor que sai da comunidade, não vai ganhar o samba, como vemos há anos”. E ainda lembra sobre o carnaval: “o sambódromo é o túmulo do carnaval”.